Em seus 100 anos, o rádio mostrou sua importância ao conduzir a sociedade em momentos conturbados, tensos e conflitantes. 

Dono da linguagem da imaginação, por diversas vezes promoveu o diálogo e a paz em territórios violentos sempre com informação, prestação de serviço e entretenimento. Mesmo diante de novas tecnologias, ninguém duvida do papel que este meio de comunicação precisa cumprir no mundo atual, mas os próximos passos dependem de novos aprendizados.

A sociedade atual entendeu que “life long learning” é pra valer e ninguém escapa de ter que buscar aprender sempre, mas, no caso dos radiodifusores, este desafio é muito maior, uma vez que o veículo tem um potencial como nenhum outro para enfrentar dilemas, confrontar teorias, construir conhecimento e consensos e este mesmo veículo precisa se reinventar.

As rádios comunitárias devem ser emissoras educativas na essência, promovendo em sua programação a educação, a cultura e o conhecimento. Se o objetivo principal é dar voz à comunidade, essas vozes precisam incluir educadores, educandos e todos que queiram compartilhar aprendizados. 

Reinventar o rádio exige preparo, formação, competência de enxergar o que ainda não é aparente, é ter a visão do meio, das tecnologias e da sociedade e isso só se consegue com estudo. Ser um ouvinte assíduo não é o mesmo que conhecer a linguagem do veículo, assim como falar na rádio ou atuar no cotidiano não garante dominar processos e ser capaz de buscar novas formas de fazer rádio. Estar próximo da emissora ajuda no aprendizado, mas o conhecimento só vem quando o buscamos, quando adotamos uma postura de olhar para nossas práticas e identificar o que precisamos melhorar, quando interagimos com um professor (a)/facilitador preparado para nos auxiliar no percurso formativo, quando adotamos um método para encontrar o conhecimento.

O uso de métodos para buscar conhecimento permite que  processos sejam confrontados com teorias ou com outras formas do fazer e deste confronto encontramos as respostas. Permite que, uma vez realizado um procedimento de sucesso, possamos repeti-lo quantas vezes desejar que o resultado provavelmente será o mesmo. Isto a ciência nos ensina.

Hoje, o maior desafio é se aproximar do ouvinte e compartilhar não só o programa produzido, mas a própria produção deste conteúdo, formando uma rede de produtores para incrementar a mão de obra disponível para colocar a emissora no ar. Criar e fortalecer a produção colaborativa na rádio comunitária é democrático, porque dá voz a outros segmentos, é eficiente porque os programas ficam mais atraentes pelo conteúdo e criatividade e estratégico porque leva a programação para novos públicos.  É certo que as pessoas estão com pouco tempo disponível para colaborar, mas as tecnologias da comunicação podem facilitar muito a interação de pessoas que não podem estar na emissora mas querem desenvolver alguma tarefa remotamente.

As universidades têm uma grande responsabilidade com as emissoras populares, pois reúnem doutores e mestres que estão pesquisando e ensinando estudantes sobre a comunicação comunitária e a linguagem do rádio e este ensino só tem sentido se conectado à realidade destas emissoras..  Desenvolver convênios entre Universidade, empresas e as rádios comunitárias representa um caminho virtuoso de busca de conhecimento.

Em 2019 e 2020, a Aramá Comunicações apresentou uma proposta ousada de cursos para formação de radiocomunicadores populares na modalidade EAD. Foram dois grandes projetos, o primeiro totalmente EAD, com 6 cursos reunindo mais de 100 videoaulas e o segundo, na modalidade semipresencial, com seis cursos com 3 aulas online e 12 horas presenciais resultando na produção de seis programas radiofônicos em cada curso.  Cada curso tinha objetivos pedagógicos definidos, estratégias e metas para atingir, corpo docente e supervisão pedagógica.

Todo o esforço na realização de cursos e treinamentos traz grandes resultados, mesmo quando o aluno revisitar um curso já realizado, sua experiência de aprendizado será diferente porque ele já terá amadurecido e portanto chegará a novas descobertas mais ou menos como o filósofo Heráclito proferiu: Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.” (Heráclito de Éfeso 540 aC)

 

Site radio ead, realizado em convênio com a Prefeitura de São Paulo
Site do Projeto Rádio Ead, realizado junto à Prefeitura da Cidade de São Paulo.